A criação de coelhos é uma atividade empolgante e sempre que são exibidas reportagens sobre a cunicultura um grande número de pessoas se veem interessadas. Parte dos que iniciam sem muita informação logo descobrem que é uma atividade complexa, o desempenho produtivo e reprodutivo dos animais não costuma ser o que esperavam além de não conseguirem vender seus produtos, se encontrando então repletos de dificuldades das mais diversas ordens. Prova disso é a elevada quantidade de criadores que desistem da atividade já no primeiro ano de trabalho.
Assim, nossa experiência tem mostrado que grande parte das pessoas ficam extremamente empolgadas quando escutam falar de cunicultura e pensam que os lucros virão na mesma velocidade que a reprodução dos coelhos, ou seja, de maneira muito rápida. Para essas pessoas sempre recomendamos cautela. A cunicultura sempre está associada a essa palavra, principalmente quando se está iniciando.
Temos trabalhado na orientação dos interessados para que iniciem a atividade da maneira mais segura possível. Dessa forma, algumas dicas são importantes e podem nortear as atividades iniciais.
1) Defina seu(s) produto(s) de venda
Como cunicultor, você produzirá o que?
- Animais para venda ao frigorífico,
- Coelho abatido,
- Animais pet ou
- Animais para laboratório.
- pele,
- gaiolas,
- feno,
- ração ou
- esterco.
2) Visite outros cunicultores e verifique se há vizinhos
É fundamental que o interessado visite outros cunicultores mais experientes e troquem informações sobre a atividade, venda, dificuldades, etc. Além disso, nesse momento poderia estar nascendo uma parceria comercial importante, que fortaleceria a ambos. Além disso cunicultores da mesma região podem dividir custos quando no envio de animais para abate, compra de maior quantidade de ração (a menor preço), etc. A médio prazo esses vizinhos podem planejar uma associação de cunicultores, as quais são urgentes em nosso país.
3) Leia sobre o assunto ou faça minicursos
É fundamental que o cunicultor estude a atividade antes de inicia-la. Para se trabalhar com coelhos é necessário possuir conhecimentos básicos sobre alimentação, raças, manejo, reprodução, etc. Uma fonte de fácil leitura é o Manual Prático de Cunicultura. Além da leitura, caso haja a possibilidade da participação em outros minicursos sobre cunicultura, não perca tempo. Se inteirar da atividade é fundamental para seu sucesso futuro.
4) Comece pequeno e deixe a criação aumentar conforme sua experiência
Não é indicado que o cunicultor já comece com elevada quantidade de matrizes. Inicialmente os problemas são muitos e os animais não respondem da forma planejada. Trabalhar com matrizes primíparas (primeira cria) é sempre muito difícil e a quantidade de animais desmamados inicialmente será menor que o esperado. Assim, é recomendado que o cunicultor comece com uma criação de 20 a um máximo de 50 animais, aumentando com o passar do tempo.
5) Não faça grandes investimentos iniciais
Somente é recomendado um grande investimento no momento em que o cunicultor tiver mais certeza e segurança de que continuará na atividade. É sugerido que se adaptem e aproveitem instalações já prontas na propriedade, as quais não podem ser totalmente fechadas. Pode-se buscar também a compra de gaiolas usadas a partir de outros cunicultores ou comprar novas diretamente do fabricante. Caso se queira investir, o governo nacional apoia pequenos empreendimentos e crédito rural e informações relacionadas podem ser obtidas no Banco do Brasil e/ou na secretaria de agricultura da sua cidade.
6) Adquira animais de instituições de ensino/pesquisa
Como dito anteriormente os interessados devem procurar reduzir custos. Os animais vendidos por instituições de ensino das áreas de Zootecnia/Veterinária normalmente comercializam animais de boa genética a baixo custo. Compre machos e fêmeas de locais diferentes para melhorar a variabilidade genética da criação. Atualmente para a produção de animais para abate, vem se propondo a utilização de cruzamentos de diferentes raças e dentre elas pode-se destacar a raça Botucatu (melhorada geneticamente, desenvolvida na Unesp-Botucatu campus Lageado) que poderá ser cruzada com a Nova Zelândia Branca.
7) Veja qual o custo da sua alimentação e como poderá ser baixado
Considerando que a alimentação responde por 60 a 70% dos custos em uma criação, o interessado deverá dar especial atenção a esse item, apontando respostas para as seguintes perguntas:
- Quanto sairá para mim cada quilo de ração colocado em minha granja?
- Fornecerei volumoso e se sim qual será a espécie forrageira?
- É possível comprar uma quantidade fechada de ração que me proporcione algum desconto ou posso comprar essa maior quantidade a partir de uma compra coletiva junto a outros cunicultores?
- As rações que tenho disponíveis em minha região são de boa qualidade?
Lembre-se que o diálogo é muitas vezes a chave do sucesso e neste sentido procure sempre ajuda técnica de especialistas ou de cunicultores mais experientes e sempre ajude a outros que buscam por novas informações. A união é necessária para crescimento mútuo.
Por: Luiz Carlos Machado
Professor do IFMG Bambuí, Presidente da ACBC
E-mail: luiz.machado@ifmg.edu.br
muito boas orientações , grato 1
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